AGRONEGÓCIO SENDO DESAFIADO PELO CLIMA E POLÍTICA ECONÔMICA
Chega ao fim a tão conturbada Safra de Soja 23/24, durante a qual tivemos uma disparidade climática muito grande na maioria das regiões do estado, com chuvas irregulares e altas temperaturas; isso fez com que tivéssemos nossa principal cultura castigada pela escassez hídrica afetando drasticamente o potencial produtivo das lavouras. Não são somente os efeitos climáticos; outro fator que faz nossos agricultores perderem o sono são os preços das commodities agrícolas. A volatilidade do período de plantio até a colheita chega em 50% nos preços da saca de soja, saindo de R$ 190,00 para R$ 95,00, com variações de acordo com a região do estado, fatores que prejudicaram o planejamento financeiro de muitos produtores, fazendo com que em muitos casos “a conta não feche”.
Após a safra de verão 23/24, o produtor apostou alto na cultura de inverno, investindo alto em tecnologia e manejo operacional no plantio do Milho Safrinha e, mais uma vez, o que temos visto é o mesmo cenário do verão, poucas chuvas, altas temperaturas e o potencial produtivo da cultura indo embora dia após dia. Nessa safrinha, temos uma janela de plantio bastante grande; as primeiras áreas foram plantadas no início de janeiro, e as últimas já em meados de março. Embora essas primeiras áreas tenham minimizado os riscos com relação à geada, a falta de chuva tem afetado no momento mais crucial do seu ciclo vegetativo, fazendo com que as plantas não realizem uma polinização ideal e não produzam o esperado.
O que fica difícil entender são os relatórios dos órgãos reguladores dos estoques e políticas públicas da agricultura brasileira, os quais demonstram, pelos números, que não teremos uma grande redução de produção, e vai de encontro com o que temos visto no campo, pois, desde 2023, não temos muitos investimentos em aumento de área plantada e, com esse cenário climático, a produção tem sido muito menor do que o esperado.
Falando em tecnologia, o uso de drones na pulverização agrícola tem se consolidado cada vez mais, com o aumento do número de empresas que fornecem esse serviço a cada dia, essa novidade podemos dizer que já é uma realidade. Outra tecnologia que tem caído no gosto dos produtores são as startups de gestão, que entregam um maior acompanhamento do manejo executado na palma da mão em aplicativos no próprio celular.
Embora o produtor esteja com o pé no freio para novos investimentos, a indústria agroquímica não para de aumentar sua expansão em pesquisas e melhoramento genético, trazendo para o mercado cada vez mais produtos de alta eficiência e plantas com melhoramento genético, que têm como objetivo minimizar os danos pelas variações climáticas, inclusive evitando perdas com a seca como temos sofrido na última e na atual safra. Outra indústria em pleno crescimento é a do uso de manejos biológicos, e essa cai no gosto das políticas públicas e interessa aos investimentos externos, pois agrega em outro tema bastante atual, o meio ambiente.
Por: Vander Dosso | Engenheiro Agrônomo
Sócio-Proprietário da Dosso e Dosso Ltda