Revista Celebrar - Notícias e entretenimento de Dourados-MS

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Jandira Gorete

A determinação e a fé de uma mulher de negócios

Na parede do escritório, a foto de uma criança que tinha estudado apenas até a 4ª série. Do outro lado, prêmios e diplomas. Esse é apenas um resumo da linha do tempo de uma mulher que conseguiu mudar a própria história. 

Jandira Gorete nasceu em uma pequena cidade do Paraná; mas, quando tinha 12 anos, a família mudou-se para Caarapó (MS), por isso se considera caarapoense.  A mãe e o padrasto sustentavam a família com o dinheiro que recebiam do trabalho na roça e da serraria, até que um dia ele sofreu um acidente e a mãe teve de dar conta de tudo. 

Foi uma infância bem pobre. Na casa não tinha banheiro; na vila onde moravam, havia uma torneira que abastecia todas as casas, e todas as famílias tinham de buscar água nesta torneira para as necessidades da casa, como tomar banho, fazer comida.  Na escola, só cursou até a quarta série, porque não tinha dinheiro para comprar o uniforme que era exigido para cursar a série seguinte. Mas sempre sonhou em ter diploma. “Sempre tive muitos sonhos, um deles era andar de salto e ter uma bolsa; eu olhava as mulheres e achava lindo. Mas sabia que, para ter isso, eu precisaria me esforçar. Eu queria vencer a pobreza, mas não sabia como”. 

O trabalho sempre esteve presente em sua vida. Já fez de tudo um pouco, das lavouras de café até faxina em casas de família. Casou nova e teve duas filhas. “Eu achava que mudaria de vida após o casamento. Até que um dia percebi que essa mudança teria de ser interna, dependia de mim, eu vi que a única pessoa que tinha o poder de mudar minha vida era eu mesma, foi aí minha grande virada”.

Gorete voltou a estudar, fez supletivo, formou-se e entrou para a faculdade. É graduada em Letras, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Para bancar os custos com estudos (tinha que pegar ônibus de Caarapó para Dourados), começou mais um trabalho, o de sacoleira, vendendo lingerie. 

Aos 32 anos, estava formada. O diploma era um grande orgulho, só que não se via dentro de uma sala dando aula. Teve uma ideia. Convidou duas amigas que costuravam e propôs que montassem uma pequena fábrica de lingerie. “Eu descosturava minhas lingeries para ver como elas eram feitas, depois fui fazendo cursos. Com o dinheiro que eu havia economizado, durante os anos que revendi lingerie, comprei duas máquinas de costura. Na nossa pequena fábrica, eu era gestora e fazia os moldes. Tudo muito pequeno, pouquíssimas vendas”. 

Aos poucos, a fábrica foi crescendo. Tinha 10 funcionários depois 20, 50... O olhar de empreendedora mostrou que teria que mudar de cidade. Saiu de Caarapó e mudou seu negócio para Dourados. A partir daí uma nova era começou.

Atualmente, a Gorethy Lingerie é a maior empresa de peças íntimas de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. São mais de 100 funcionários internos, cinco mil revendedores, nove lojas e ainda tem as vendas feitas pela internet.  Os produtos são comercializados em todo o Brasil e a empresária está de olho no mundo. O projeto é que, no próximo ano, comece a exportação.

“Eu olho minha história e vejo que conquistei muito mais do que sonhei. Tudo que aconteceu, prêmio, reconhecimento, nem passava pela minha cabeça; a princípio sonhava com minha independência e realização pessoal. E tudo o que vivo hoje é fruto de muito trabalho. Hoje me sinto completamente realizada. E, para mim, realização não é faturamento, vai além disso; é olhar e ver o tanto que conquistamos, o quanto nos superamos. Minha história é prova de que mudar de vida depende de você, gostaria de servir como inspiração, como prova viva de que é possível”. 

Além da área profissional, Gorete também se sente realizada na vida pessoal e espiritual. Boa parte da família trabalha na empresa. Ela curte os netos todos os dias. Faz questão de manter os pés no chão e a alma com fé, tanto que, uma vez por semana, um culto é realizado na fábrica, com direito a banda e coral formado pelos funcionários.

“A fé em Deus sempre teve papel fundamental em minha vida. Sem Ele não teria forças. Para mim, as bênçãos não caem de balde, caem de toneladas. Sou muito grata e quero espalhar essas bênçãos para os outros”. 

Ping-Pongue

Uma festa inesquecível: “Aniversários dos netos.”

Viagem marcante: “Suíça.”

Sucesso é: “Realização.”

Eu trabalho para: “Além de atender às minhas necessidades, trabalho para ajudar o próximo, para gerar empregos e dar oportunidades.”

Dou risada quando: “Estou feliz!”

Um sonho que ainda não realizei: “Exportação.”

Três objetos sem os quais não vivo: “Bolsa, sapato e óculos.”

Família é: “Tudo de bom.”

Saudade: “Do meu pai.”

Não vivo sem: “Deus.”

Tenho medo de: “Perder a saúde.”

Qualidades: “Determinação, responsabilidade e atitude.”

Nas horas de folga eu: “Ponho minhas leituras em dia.”

Uma frase: “Até aqui nos ajudou o Senhor.”

Celebrar é: “Estar com a família, me reunir com quem eu amo.”