Surtos de dengue aumentam nas Américas. Brasil já registra mais de 2 milhões de casos - Equipe Medscape 24 de julho de 2023
Surtos de dengue em larga escala vêm ocorrendo nas Américas desde o início de 2023, marcando um aumento significante de casos em relação aos anos anteriores, alerta a organização Mundial da saúde (OMS).
Até 1º de julho de 2023, foram avisados quase três milhões de casos suspeitos e confirmados de dengue, superando o total de casos registrados durante todo o ano de 2022. Dos casos registrados, 45 % foram confirmados laboratorialmente e 0,13 % foram classificados como dengue grave. A OMS registrou 1.302 óbitos relacionados à doença representando uma taxa de mortalidade de 0,04 %.
Os países mais afetados em 2023 são Brasil, Peru e Bolívia. No entanto, toda a região está em risco devido à disseminação do mosquito Aedes spp., especialmente o Aedes aegypti, responsável pela transmissão do vírus da dengue. Diante disso, a OMS afirma que o risco de dengue é alto em nível regional.
Mesmo que o surto seja grave, a organização não recomenda limitar viagens ou comércio para países nas Américas que sofrem de dengue. Em vez disso, a OMS está trabalhando ativamente com os países para aumentar a capacitância de vigilância e assistência à saúde com foco na implementação da estratégia de Administração integrada para Prevenção e Controle de doenças virais (IMS-Arbovirus).
A situação epidemiológica nos países mais afetados é alarmante. Por exemplo, Argentina registra 126.431 casos de dengue até a semana epidemiológica 26 (24 de junho a 1º de julho), o que representa um aumento de 47 % em relação ao surto anterior em 2019/2020. O Brasil registra 2.376.522 casos, o que representa um aumento de 13 % em relação ao mesmo período de 2022. A Bolívia viu os casos aumentar 16 vezes mais que no ano anterior, totalizando 133.779 casos. Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Mexico, Nicarágua, Panamá e Peru também registraram aumento nos casos de dengue.
A incidência de dengue tem aumentado globalmente, especialmente nas regiões das Américas, Sudeste Asiático e Pacífico Ocidental, sendo estas as mais afetadas. A doença é agora endêmica em mais de 100 países, e o maior número de casos já registrado ocorreu em 2019. Devido aos sintomas sobrepostos com outras arboviroses como Chikungunya e Zika, o diagnóstico preciso pode ser difícil, potencialmente levando a tratamento inadequado.
Os países afetados iniciaram respostas de saúde pública, incluindo aprimoramento da vigilância, atividades de controle do vetor, fortalecimento da rede laboratorial e treinamento de profissionais de saúde. No entanto, problemas de abastecimento de suprimentos essenciais e limitações nas instalações médicas ainda representam grandes desafios.
Para combater o surto, a OMS recomenda vigilância e antecipação, com a intensificação de medidas de prevenção, diagnóstico e controle dos arbovírus, bem como coordenação transfronteiriça. A detecção precoce, a atenção médica adequada e a vigilância integrada do vetor são cruciais para reduzir as taxas de transmissão e minimizar o impacto do surto.
À medida que a segunda metade de 2023 se aproxima, espera-se um aumento nos casos de dengue, principalmente na América Central e no Caribe. A OMS insta esforços contínuos para fortalecer as capacidades laboratoriais e de saúde, e manter a vigilância ativa para combater efetivamente a propagação da dengue.