O AUTOCUIDADO NA ERA DA PRODUTIVIDADE

Atualmente somos cercados por um apelo constante por produtividade que vem por várias fontes às quais estamos expostos e em várias áreas da vida, áreas como trabalho, estudo, vida pessoal. Mas diante de todos esses apelos onde nos encontramos no meio deles? Somos solicitados a produzir diversas coisas para outros e por outros, e isso pode facilmente nos levar a esquecermos de olharmos para nós mesmos. O autocuidado consiste na dimensão do cuidado que volta o olhar para si, não excluindo, é claro, o cuidado e preocupação pelo outro e pelo mundo que nos cerca.
Não há uma receita para o autocuidado, já que é algo que é construído de maneiras diversas e individuais, por serem algo tão único e variável, essas ações de autocuidado merecem um olhar cuidadoso de nossa parte para compreendermos o que é cuidar de nós mesmos e como esse cuidado se dá. Seria na forma de um exercício? De uma comida cuidadosamente preparada? Degustar um café sentado em uma padaria entre o ir e vir cotidiano? São perguntas simples e que só aos poucos nós vamos descobrindo as respostas, seja com a sensação que elas nos trazem ou simplesmente com a experiência de tentativas, que podem ser frustradas ou não. Da mesma forma que cada um descobre o que o caracteriza como cuidado, também tem que atentar para a descoberta de introduzir tais formas de cuidado de uma maneira que elas não se tornem mais uma obrigação diária.
O espaço terapêutico é um espaço exclusivo do cliente. É um espaço de fala e de escuta sem julgamentos, possibilitando que o próprio sofrer do cliente encontre seu espaço e seu lugar. Dar ouvidos ao próprio sofrimento e acolhê-lo como algo que faz parte de si é uma forma de cuidar-se e dar voz a algo que às vezes tem seu espaço muito reduzido nas nossas vidas cotidianas, seja por falta de tempo ou de liberdade para fazê-lo. Como já dito, não existe uma receita de bolo que funcione da mesma maneira para todos, mas é importante ter em mente que é necessário respeitar o tempo individual, assim como as possibilidades de cada um.
Nem todos podem correr durante uma hora ao dia e talvez tentar introduzir uma corrida de uma hora sem a real vontade de fazê-la significa frustrar-se logo no começo do processo, vendo que não foi possível realizar mais uma atividade adicionada à lista de afazeres diários. Respeitar os horários, condições próprias e o sentido que aquilo tem para quem está realizando são essenciais para que se mantenha uma rotina mais leve e mais fácil de se seguir. E tirar o caráter de obrigatoriedade das ações que se gostaria de fazer possibilita olhar para a atividade não como algo que tem que ser feito, mas algo que se quer realizar.
