O BARATO QUE SEMPRE SAI CARO

“Se você acha caro o trabalho de um bom profissional é porque não sabe quanto custa o trabalho de um incompetente!”

Essa frase já é bastante conhecida no mundo corporativo e retrata bem a realidade e o pensamento de muitos contratantes por aí. Deixa eu dar um exemplo pessoal: certa vez fechei com uma instituição de ensino uma parceria para ser Mestre de Cerimônias de seus eventos - tudo de boca, nada no papel – e estabeleci uma redução de cachê significativa para fazer os trabalhos, afinal seriam frequentes. Mas depois de fazer 2 eventos, não me chamaram mais. Chegou aos meus ouvidos uma conversa que “Ah, mas o Ogg é muito caro”. Pouco tempo depois fiquei sabendo que a pessoa que foi chamada em meu lugar cometeu erros e gafes que, para mim, são imperdoáveis nesse tipo de trabalho. Não sei as consequências disso e também não me importo. Mas o que fica claro, mais do que nunca, é que o barato sai caro. Essa é a versão mais direta da frase com a qual abri este artigo.

O que acontece no Brasil é que se dá apenas valor ao bem material, as coisas que se pode comprar, mas não se dá valor ao trabalho. Por exemplo: a pessoa compra um apartamento de 1 milhão de reais. Aí ela chama um pintor para retocar as paredes e ele cobra 5 mil reais, acha-se um absurdo! Será que ela sabe o trabalho que dá para pintar todas as paredes de um apartamento, por menor que ele seja? Será que ela sabe o quanto esse pintor teve de aprender e ralar para conhecer as técnicas, preparar a tinta e fazer os recortes? Será que ela sabe o quanto esse pintor errou para aprender o que sabe e, enfim, fazer a pintura da melhor maneira possível sem que o trabalho estrague o apartamento de um milhão de reais? Provavelmente não sabe!

Tanto o pintor, como um pedreiro, um encanador ou um Mestre de Cerimônias são profissionais que detém um saber de enorme valor econômico e o que muita gente não sabe é dar valor econômico a esse trabalho. Tem uma história que conta o seguinte: um grande industrial teve problemas em uma de suas máquinas e chamou um técnico para consertá-la. O profissional levou apenas 15 minutos para apertar alguns parafusos e colocar a máquina pra funcionar novamente. Ao receber a cobrança pelo serviço, o industrial quase caiu de costas: “Dois mil reais para apertar alguns parafusos?”, disse ele. O técnico respondeu: “Não, para apertar os parafusos eu cobrei apenas 5 reais. Os 1.995,00 restantes são por saber exatamente quais parafusos apertar”.

E esse é o maior problema que temos no Brasil e em vários outros países: não se valoriza o trabalho, o caminho que se percorreu para adquirir tais expertises, apenas se mede o preço das coisas. Ou seja, muitos contratantes não sabem que “preço” e “valor” são coisas completamente diferentes e dão muito mais valor ao preço. Eles sequer reconhecem o caminho que profissionais como um pintor, um pedreiro ou um Mestre de Cerimônias tiveram de percorrer para fazer o que sabem fazer bem, ou o tempo que levaram construindo sua profissão de modo a fazer seu trabalho com perfeição e profissionalismo.

Em alguns pedidos de orçamentos para comandar eventos tenho me deparado com respostas do tipo “Tudo isso? Mas fulano de tal cobra metade!”. Comparar o preço de um aparelho de ar-condicionado de uma loja pra outra é válido, usando a lei da melhor oferta, pois existe um custo de produção daquele aparelho que pode ser medido – e o aparelho é o mesmo. Agora, a precificação de um profissional não se compara com o de outro, pois é preciso saber o que ambos fizeram para chegar onde estão e fazerem o que fazem, e que barreiras enfrentaram para construir suas carreiras. Quando isso acontece, percebo que não se está interessado em valor e sim em preço, aí recomendo que se contrate o “fulano de tal”.

Aprenda a dar valor ao trabalho de um profissional, pois você pode ter de pagar o triplo depois: uma vez pelo trabalho de um incompetente e o dobro pelo trabalho de quem realmente já poderia ter resolvido seu problema.


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