TRISTEZA, ISOLAMENTO, DECADÊNCIA DE VALORES: POR QUE NOSSA SOCIEDADE ESTÁ ADOECENDO?

Vingança? Bullying? Desestruturação familiar? Fixação por jogos violentos? Participação em fóruns de extermínio? Transtornos psicológicos? São muitas hipóteses levantadas sobre o que teria levado os dois atiradores a matarem e se matarem no dia 13 de março em Suzano.
Inúmeros fatores podem ter levado os jovens a praticarem o massacre, traumas vividos na infância, na adolescência ou vida adulta, dificuldades para adaptar-se aos desafios cotidianos, incapacidade da sociedade perceber e auxiliar indivíduos com dificuldades de lidarem com suas realidades, cultura de banalização da violência, o pouco investimento em cuidados preventivos. Vários fatores que juntos podem justificar, mas não sozinhos, uma tragédia como essa. Além disso os jovens poderiam sofrer algum transtorno mental e nessas condições o indivíduo cria sua própria realidade e distorce valores.
Mas a questão é: O que está acontecendo com nossa sociedade? Por que estamos cada vez mais doentes e tristes?
Estamos assistindo a decadência coletiva da infância e da juventude no mundo todo. Alteramos o ritmo de construção dos pensamentos por meio do excesso de estímulos, excesso de atividades intelectuais cada vez mais cedo, excesso de bens materiais, de smartphones, redes sociais, jogos de videogame e TV. Estamos reduzindo habilidades sócio-emocionais extremamente importantes como a empatia (capacidade de se colocar no lugar do outro), pensar antes de agir, expor e não impor idéias, aprender a arte de agradecer, de perdoar. Ter amigos de verdade, pessoas nas quais confiamos em casa, no trabalho, em nossa comunidade. Estamos com dificuldades de proteger nossas emoções, gerenciar ansiedade, nos concentrar e ter foco. Estamos estimulando cada vez menos o altruísmo e a generosidade.
Nunca tivemos uma geração tão triste e depressiva. Precisamos aprender a fazer pausas e contemplar coisas simples e belas. Não podemos mais viver esperando muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. Vamos estimular a arte, a culinária, uma brincadeira ao ar livre, um café com companheiros de trabalho, um churrasco com amigos regados de boas risadas e abraços verdadeiros. Vamos resgatar o viver com emoção, a transmissão de sentimentos reais e verdadeiros. A nutrição emocional é importante mesmo que não se tenha tempo, o tempo precisa ser qualitativo.
Temos vivido o mundo da superficialidade, do afastamento, das falsas realidades. Olhamos uma foto de um amigo no face ou no insta e parece que ele é lindo, tem o corpo perfeito, a vida perfeita, a melhor família. É como se passássemos o dia, a semana, o ano, a vida preocupada na imagem que estamos transmitindo e nos esquecemos de viver a realidade, de compartilhar dificuldades, mostrar nossas fraquezas, nossas falhas, fazer amigos de verdade, acolher de coração a quem precisa.
Hoje perguntei para minha mãe como você conseguiu criar 3 filhos com idades tão próximas e ela respondeu: “A gente se ajudava, os vizinhos, os amigos, os avós. Vivíamos a vida real pois nos relacionávamos de forma real e não virtual. Tínhamos dificuldades, mas nos sentíamos acolhidos, falávamos sobre isso”.
E isso me fez pensar como podemos melhorar e impactar as pessoas ao nosso redor? No trabalho, em casa, na igreja, na escola? Afinal quando um indivíduo se sente feliz e com senso de pertencimento ele consegue produzir mais, compartilhar mais e impactar positivamente na vida das pessoas ao seu redor.

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