O tempo de reaprender a viver

Estou em fase de reaprendizado. Aos 53 anos de idade, senti a necessidade de me reciclar, jogar fora velhos conceitos e adotar novos. Faço isso porque, com o passar do tempo, a gente vai ficando mais implicante e intolerante com algumas coisas. E apesar de estar longe de ser chamado de velho, não há nada pior que se tornar um velho chato e ranzinza que azucrina a paciência dos outros, independente da idade que tem. Não quero ficar assim.
E não há nada melhor para começar essa reciclagem do que adotar determinadas atitudes. A paciência é uma delas, aprender a esperar por certas coisas e entender que elas vêm no seu próprio ritmo e tempo. É essencial compreender que a maioria das pessoas não age com o imediatismo e da forma que você deseja.
Junto à paciência é importante ter tolerância, que nos dá a facilidade de aceitar que nada é perfeito e que tudo está sujeito a contratempos. Precisamos enxergar que nem todos tem o mesmo conhecimento e sabedoria que gostaríamos que tivessem e devemos aceitá-los como eles são – isso é tolerância.
A humildade também compõe o pacote – admitir e reconhecer os próprios erros, pedir desculpas por eles e aprender a consertá-los é essencial à vida. Aí vem o altruísmo, a solidariedade, atos de amar e ajudar ao próximo sem esperar nada em troca. Não posso esquecer também do agradecimento, da gratidão por tudo àquilo que somos, temos e vivemos, mesmo que algum momento tenha sido ruim. É na dor e no sofrimento que aprendemos mais.
E, entre outros sentimentos, é necessário e imprescindível adotar a fé, a crença em Deus, pois é isso que faz com que, imbuídos das demais atitudes, consigamos obter paz e harmonia na vida, no trabalho, em casa, no casamento e nas nossas relações pessoais e familiares.
Às vezes, nem imaginamos o quanto é simples adotar estas atitudes: basta querer! É simples, não custa nada mas não é fácil. Estamos a toda hora sendo cercados por situações que nos tiram do sério e colocam abaixo tudo o que estamos tentamos mudar em nós mesmos. Uma fechada no trânsito, um elevador que demora no momento em que você mais precisa, uma discussão com um colega de trabalho, um negócio mal feito, uma relação amorosa ou de amizade que se rompe, um problema financeiro, uma doença, um desacerto na família. Enfim, há inúmeras questões que surgem cotidianamente para nos testar e nos colocar à prova. Como superar essas provações é o que vai determinar se estamos no caminho certo.
Precisamos aprender que a nossa vida é um eterno aprendizado, que sempre há algo ou alguém que nos ensina alguma coisa, por mais maduros e experientes que pensamos ser. Recentemente um amigo me alertou sobre uma postagem que fiz no Facebook, talvez um tanto inadequada para a posição que ocupo. Na mesma hora, fiz um “mea-culpa” mental, reconhecendo meu erro e excluí tal postagem. Aí veio a auto-avaliação e, claro, a vontade de parar em frente ao espelho e dizer: “Ogg Ibrahim, como você é um idiota!”. Muitas vezes não é fácil levar um puxão de orelha, baixar a cabeça e admitir nossas fraquezas e deslizes. Mas é desta forma que aprenderemos a pensar mais antes de qualquer atitude. Hoje, agradeço a todos que, de uma certa forma, me deram puxões de orelha e com isso contribuíram com esse aprendizado que, com certeza, tem me levado a um crescimento maior como ser-humano.
Hoje estou aprendendo a agradecer mais, a reclamar menos, a ajudar mais, a me preocupar menos, a ter mais humildade de atos e sentimentos e a tornar mais simples tudo aquilo que me cerca. Estou aprendendo a enxergar os problemas com olhos mais tranquilos, certo de que há solução para tudo – e se não há, não me desesperar-me com isso. Estou aprendendo que ser feliz é a tônica da vida, não importa o quanto temos e onde pretendemos chegar. O que importa é o que somos e no que queremos nos transformar. Importa é desfrutar das amizades sem interesse, curtir os momentos bonitos com a alma aberta e tirar o máximo de aprendizado daquilo que nos fez mal. Aprender a perdoar mais é o combustível mais eficiente dessa alavancada de mudanças. Começa por isso!
E se a gente conseguir adotar 50% de um novo comportamento, lembre-se que podemos viver 50% mais felizes, 50% com menos problemas, 50% com mais amor e 50% com mais intensidade. Aí você já terá consertado metade da sua vida. A outra metade vem como bônus!

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